Esse blog foi criado em 2009 quando me mudei para São Paulo - a madrasdra de pedra que me rejeitou e depois me acolheu. Inicialmente ele servia para ocupar o tempo nos raros finais de semana em que eu não viajava para o Rio. Servia também para eu exercitar uma paixão que é escrever. Afinal, uma das frustrações da minha vida é não ter feito jornalismo, eu sempre digo isso. Mas ainda dá tempo se eu realmente me empenhar. Porém, se eu fizer isso, de que vou me frustrar então? Nós, os complicados seres humanos, sempre temos que achar alguma coisa para implicar até com nós mesmos. No meu caso, por que não me orgulho de tudo que escrevo no trabalho, nos e-mails, nas redes sociais, no meu blog, ao invés de alimentar uma frustração que talvez nem seja real? Resposta simples: porque senão o assunto estará resolvido. Estranho, não? Mas somos assim mesmo. Exatamente assim.
Ah, mas esse post não é para tratar disso não. Eu hoje reli todos os meus textos desde 2009 e me surpreendi como a "minha vida e eu" mudamos tanto. Eu experimentei tantas sensações e tantos sentimentos nessa cidade que acabei me tornando uma pessoa direfente - não em essência, mas em todo o resto. Posso dizer que aqui eu apurei todo meu conhecimento sobre mim, sobre quem realmente sou, sobre o que gosto, o que não gosto, e sobre o que quero ou não para minha vida. Não que eu tenha passado a ter o controle dela, nós nunca temos, mas eu tenho plena consciência do incontrolável, e sei o que vai ser bom ou ruim. Mas me deixo viver. Vivo intensamente cada dia da minha nova vida, sem me preocupar com quase nada. Poucas coisas me importam e, confesso, que poucas pessoas também. Sim, é bem verdade que a madrasta cinza me ensinou um pouco sobre o egoísmo, e me alertou sobre a dose saudável dele na nossa vida. Tem vezes que ainda erro na mão, mas tem sido melhor do que não tê-lo por perto. Verdade. Pura verdade.
Relendo sobre mim senti certo orgulho por ser quem eu sou e, ao mesmo tempo, lamentei os momentos vazios em que eu não soube viver. E ainda lamentei os momentos de solidão em que eu não soube dividir os fracassos. Mas a vida é assim mesmo; vamos vivendo e sofrendo as transformações do amadurecimento. Quando você olha para trás, sempre tem algo que faria melhor (ou que não faria) se já soubesse o que você sabe hoje. Evolução. Crescimento. Aprendizado.
Passado um tempo, quando resolvi andar pelas ruas dessa cidade e olhar a minha volta, o blog perdeu a função de ocupar o tempo e assumiu uma função de ouvido de amigo: desabafo! Então, veio uma leva de posts de indignações, reclamações, e explosões de diversas naturezas. Uma fase mais reclamona, eu diria. Fase em que observei detalhadamente a atitude das pessoas a minha volta, e me surpreendi com o que vi.
E mais um pouco de tempo se passou e a selva cinza foi ganhando cores e notas de perfume no ar. Me revelou pessoas incríveis, restaurantes e espaços fantásticos. Me deparei com a arte, a música, a cultura a um dedo do meu nariz e mergulhei em um mundo impressionantemente interessante. E comecei a aprender muito, descontando um período em que vivi desconectada de tudo, focada em coisas que me consumiam, mas que me acrescentavam pouco...ou quase nada. Na verdade, nada.
Eu não imaginava que as cores e o perfume se tornariam tão mágicos ao ponto do universo sintonizar alguém na minha vida tão diferente e ao mesmo tempo tão igual a mim. Uma pessoa cujo sentimento se traduz na palavra "amor". Pessoa rara, que atingiu a simplicidade com um grau de sofisticação e conhecimento incríveis. Sim, esse é o Dan, o amor que a selva de pedra me emprestou. Quem sabe pelo resto da vida?
Sendo assim, meu blog ficou abandonado e estou aqui para dizer o seguinte: quando eu não estiver escrevendo, é porque estou vivendo os dias mais interessantes e deliciosos da minha vida. Então, quando verem uma página em branco, leia-se ..... felicidade! Em resumo, é isso!
Beijos com saudades de vocês leitores. Sempre que possível, escreverei algumas palavras para nós...