
Ele também falou sobre um monstro que vive dentro da gente. Um lado escuro que sempre quer nos empurrar para o vazio, o atalho, o erro, a solidão. Disse que temos que ser mais fortes que esse monstro. Olhar para ele e dizer não, sempre. Porque ele te proporciona grandes prazeres, de forma inconstante, inquieta, que te levam para dentro do poço - porque se tratam de ilusões, vícios e caprichos. Ele disse também, e isso é interessante, que tem gente que visita sempre seu monstro, ou até vive somente esse lado, e que temos que respeitar essa opção, mas se afastar se não formos capazes de suportar a convivência.
E ele me ensinou por fim, que quem é forte o suficiente para respeitar o anel imaginário e para dominar o seu monstro, por muitas vezes será ridicularizado por isso, pelos outros e até por si próprio. Mas que nunca devemos nos arrepender.
Eu tinha 17 anos e não entendi muito bem na época. Agora, depois de tanta convivência com anéis e monstros, conclui que as pessoas preferem visitar ou viver seus monstros, esquecendo-se dos anéis, porque não conseguem fazer uma escolha, sem renunciar outras. Elas querem viver de tudo um pouco e acabam por escrever histórias rasas, egoístas, e vivem numa constante solidão com si mesmo, ainda que rodeados de pessoas.
Como diz Bauman, ninguém mais quer apertar os laços... é o tal do mundo líquido que ele tanto fala.
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