Bauman falou sobre amor e sociedade líquida, e nos fez refletir sobre a personalidade líquida. Ou, podemos chamar também, de homo-camaleão. Falo daqueles que não tem personalidade; daqueles que se moldam conforme o "frasco" do momento, e se espelham em quem se destaca. Isso talvez pudesse ser uma virtude se os valores próprios fossem preservados. Mas, na grande maioria das vezes, não é o que acontece, infelizmente. Falo das pessoas vazias como o vácuo, e pobres de luz como a penumbra. Falo daqueles que usam máscaras. Falo dos falsos e dos rasos. Para estes, dedico todas as minhas orações e parte do meu desprezo. Digo parte, porque gosto de observar e estudar esses comportamentos, principalmente ao longo do tempo. É sempre interessante, apesar de não tão divertido. Nietzsche já dizia: "Odeio as almas estreitas, sem bálsamo e sem veneno, feitas sem nada de bondade e sem nada de maldade." Ele se referia a esses líquidos, sem frascos ...
Sob o céu de São Paulo
Esse blog é um transbordo emocional. Pra não explodir, eu escrevo! Mas nem sempre dá certo...
sábado, 26 de janeiro de 2013
sábado, 22 de setembro de 2012
Resumo de felicidade
Esse blog foi criado em 2009 quando me mudei para São Paulo - a madrasdra de pedra que me rejeitou e depois me acolheu. Inicialmente ele servia para ocupar o tempo nos raros finais de semana em que eu não viajava para o Rio. Servia também para eu exercitar uma paixão que é escrever. Afinal, uma das frustrações da minha vida é não ter feito jornalismo, eu sempre digo isso. Mas ainda dá tempo se eu realmente me empenhar. Porém, se eu fizer isso, de que vou me frustrar então? Nós, os complicados seres humanos, sempre temos que achar alguma coisa para implicar até com nós mesmos. No meu caso, por que não me orgulho de tudo que escrevo no trabalho, nos e-mails, nas redes sociais, no meu blog, ao invés de alimentar uma frustração que talvez nem seja real? Resposta simples: porque senão o assunto estará resolvido. Estranho, não? Mas somos assim mesmo. Exatamente assim.
Ah, mas esse post não é para tratar disso não. Eu hoje reli todos os meus textos desde 2009 e me surpreendi como a "minha vida e eu" mudamos tanto. Eu experimentei tantas sensações e tantos sentimentos nessa cidade que acabei me tornando uma pessoa direfente - não em essência, mas em todo o resto. Posso dizer que aqui eu apurei todo meu conhecimento sobre mim, sobre quem realmente sou, sobre o que gosto, o que não gosto, e sobre o que quero ou não para minha vida. Não que eu tenha passado a ter o controle dela, nós nunca temos, mas eu tenho plena consciência do incontrolável, e sei o que vai ser bom ou ruim. Mas me deixo viver. Vivo intensamente cada dia da minha nova vida, sem me preocupar com quase nada. Poucas coisas me importam e, confesso, que poucas pessoas também. Sim, é bem verdade que a madrasta cinza me ensinou um pouco sobre o egoísmo, e me alertou sobre a dose saudável dele na nossa vida. Tem vezes que ainda erro na mão, mas tem sido melhor do que não tê-lo por perto. Verdade. Pura verdade.
Relendo sobre mim senti certo orgulho por ser quem eu sou e, ao mesmo tempo, lamentei os momentos vazios em que eu não soube viver. E ainda lamentei os momentos de solidão em que eu não soube dividir os fracassos. Mas a vida é assim mesmo; vamos vivendo e sofrendo as transformações do amadurecimento. Quando você olha para trás, sempre tem algo que faria melhor (ou que não faria) se já soubesse o que você sabe hoje. Evolução. Crescimento. Aprendizado.
Passado um tempo, quando resolvi andar pelas ruas dessa cidade e olhar a minha volta, o blog perdeu a função de ocupar o tempo e assumiu uma função de ouvido de amigo: desabafo! Então, veio uma leva de posts de indignações, reclamações, e explosões de diversas naturezas. Uma fase mais reclamona, eu diria. Fase em que observei detalhadamente a atitude das pessoas a minha volta, e me surpreendi com o que vi.
E mais um pouco de tempo se passou e a selva cinza foi ganhando cores e notas de perfume no ar. Me revelou pessoas incríveis, restaurantes e espaços fantásticos. Me deparei com a arte, a música, a cultura a um dedo do meu nariz e mergulhei em um mundo impressionantemente interessante. E comecei a aprender muito, descontando um período em que vivi desconectada de tudo, focada em coisas que me consumiam, mas que me acrescentavam pouco...ou quase nada. Na verdade, nada.
Eu não imaginava que as cores e o perfume se tornariam tão mágicos ao ponto do universo sintonizar alguém na minha vida tão diferente e ao mesmo tempo tão igual a mim. Uma pessoa cujo sentimento se traduz na palavra "amor". Pessoa rara, que atingiu a simplicidade com um grau de sofisticação e conhecimento incríveis. Sim, esse é o Dan, o amor que a selva de pedra me emprestou. Quem sabe pelo resto da vida?
Sendo assim, meu blog ficou abandonado e estou aqui para dizer o seguinte: quando eu não estiver escrevendo, é porque estou vivendo os dias mais interessantes e deliciosos da minha vida. Então, quando verem uma página em branco, leia-se ..... felicidade! Em resumo, é isso!
Beijos com saudades de vocês leitores. Sempre que possível, escreverei algumas palavras para nós...
segunda-feira, 19 de março de 2012
O anel e o monstro: lições de acampamento
Certa vez eu acampava com meu tio e conversamos bastante sobre o comportamento das pessoas, sobre compromissos, sobre a vida em geral. Dentre várias coisas, ele me ensinou que o verdadeiro compromisso se dá por um anel imaginário, que somente você pode ver. Me disse da bobagem que é um anel de verdade, porque as pessoas simplesmente tiram e guardam quando é conveniente. Mas o anel imaginário não, você olha e ele está lá. E o papel desse anel é fazer você pensar por cinco minutos antes de se deixar levar pelas tentações, em qualquer campo da sua vida.
Ele também falou sobre um monstro que vive dentro da gente. Um lado escuro que sempre quer nos empurrar para o vazio, o atalho, o erro, a solidão. Disse que temos que ser mais fortes que esse monstro. Olhar para ele e dizer não, sempre. Porque ele te proporciona grandes prazeres, de forma inconstante, inquieta, que te levam para dentro do poço - porque se tratam de ilusões, vícios e caprichos. Ele disse também, e isso é interessante, que tem gente que visita sempre seu monstro, ou até vive somente esse lado, e que temos que respeitar essa opção, mas se afastar se não formos capazes de suportar a convivência.
E ele me ensinou por fim, que quem é forte o suficiente para respeitar o anel imaginário e para dominar o seu monstro, por muitas vezes será ridicularizado por isso, pelos outros e até por si próprio. Mas que nunca devemos nos arrepender.
Eu tinha 17 anos e não entendi muito bem na época. Agora, depois de tanta convivência com anéis e monstros, conclui que as pessoas preferem visitar ou viver seus monstros, esquecendo-se dos anéis, porque não conseguem fazer uma escolha, sem renunciar outras. Elas querem viver de tudo um pouco e acabam por escrever histórias rasas, egoístas, e vivem numa constante solidão com si mesmo, ainda que rodeados de pessoas.
Como diz Bauman, ninguém mais quer apertar os laços... é o tal do mundo líquido que ele tanto fala.
terça-feira, 16 de agosto de 2011
As reflexões propostas por Sushi
Sushi é o mais novo integrante da casa. É um peixinho Betta da família dos Anabantídeos, originário da Tailândia. O nome vem de uma tribo de índios, onde os guerreiros eram chamados de "Bettahs". Bacana, não? Já seu nome "Sushi" veio de uma inspiração momentânea do Daniel, meu namorado, que estava ao meu lado e o viu com outros olhos! Sushi tem enfrentado diversos apuros desde sua chegada àquela festa até o presente momento (ele foi o enfeite da mesa - aquele que a gente pode levar para casa). Hoje, ele deveria experimentar o seu primeiro dia de sossego, não fosse a diarista removê-lo para cá e para lá durante a limpeza da casa. Fazendo uma retrospectiva, desde sábado, ele não está muito animado, não quer comer e se jogou de uma altura de aproximadamente 1 metro - mais precisamente da pia ao chão - enquanto eu tirava as pedrinhas azuis de seu aquário. Sim, porque eu diagnostiquei que sua falta de ânimo vinha das pedrinhas que competiam com ele na cor e ainda soltavam partículas na água, podendo intoxicar o pobre Sushi. Teria ele tentado o suicídio ou foi um grito de "me deixe e paz"? Será que simplesmente ele é quieto e eu fico tentando encaixá-lo em meu modelo de peixe ideal - assim como fazemos com os homens?
A verdade é que aquele pulo me fez pensar nas pessoas que vivem apertadas, cheias de pedras no caminho e atormentadas. Me fez pensar que às vezes queremos ajudar, mas acabamos por sufocar, atrapalhar e até enlouquecer o outro. E ainda nas pessoas que estão a ponto de explodir e "se jogar da pia". Também pensei sobre a armadilha que é ter um modelo sobre as coisas, as pessoas e os animais.
Enfim, que os espíritos dos guerreiros Bettahs ajudem o Sushi a superar esse momento. E que ele me perdoe se o problema realmente não for as pedras azuis! Prometo que tentarei deixá-lo em paz.
domingo, 24 de julho de 2011
Edição especial de aniversário!
Este post é para homenagear a pessoa mais diferente que conheci em São Paulo. Não por estarmos compartilhando momentos mais do que especiais, mas por eu admirá-lo e querer que ele faça eternamente parte da minha vida, não importando, sinceramente, em que status social. Gosto da forma com que traduz o mundo e a simplicidade de suas conclusões. Gosto quando passamos horas conversando sobre tudo, levantando as mais diversas questões sobre o cotidiano e até sobre nós mesmos. Gosto de sua justiça e do seu perdão. Gosto quando me olha e sorri despretenciosamente. Aliás, isso eu amo! Por vezes, estranho sua frieza e egoísmo, mas basta pouco esforço para entender, e até concordar, em certos momentos. É difícil encontrar pessoas tão comprometidas consigo mesmo, sem se passarem por monstros frios e racionais. Digo porque eu sou, ou fui, um tipo desses. Hoje, tenho passado diariamente por muitas reflexões mas, enfim, esse post não é sobre mim. É sobre essa pessoa que me inspira e me suspira (rs), que eu gosto de olhar simplesmente. Olhar e olhar. Existe uma ternura (sugiro relembrar o significado dessa palavra no dicionário) profunda em seus olhos e uma força avassaladora em sua mente. Já o seu coração abriga os quereres mais nobres do universo. Ilustrando, seria como um trator semeador que, a primeira vista está destruindo a terra, mas em poucos instantes você entende que ele está na verdade semeando - ou abrindo caminhos para tal. E se torna tão encantador que você quer cuidar, quer estar perto e quer ouvir o que ele tem a dizer sobre tudo. Sim, porque ele sempre tem algo a dizer seja sobre o que for - e isso é absolutamente fantástico.
Eu, que sempre fui feliz, não poderia imaginar que seria ainda mais ao seu lado. Que nosso encontro não seja mais um desses desencontros - que se deixa um pouco de si e se leva um pouco do outro, sabe? Que seja um encontro explosivo e que transforme nossas vidas para sempre.
Dan, um grande beijo da sua maior fã!
quinta-feira, 19 de maio de 2011
Sob o céu de São Paulo
Passados um ano e meio desde que cheguei por aqui, posso afirmar a intensidade de São Paulo - a cidade que transborda pessoas e emoções. Fato! Sob o céu dessa cidade tenho aprendido muito sobre mim, já que eu nunca tinha estado tanto tempo sozinha comigo mesma; sobre ser ou estar só; sobre estar acompanhada; sobre as pessoas, de tanto observá-las e, acreditem, sobre o amor.
No início foi difícil porque eu vim sem minha alma, que havia ficado pelo Rio, e eu precisava encontrá-la quase todos os finais de semana - o que era bastante cansativo. Depois do primeiro ano consegui trazê-la e finalmente me deixei seduzir pelos encantos da cidade. E, reduzidas as idas ao Rio, apesar da saudade da família aumentar, conheci lugares e pessoas bacanas. A partir daí, a vida então começou por aqui.
Hoje, posso dizer que gosto da velha madrasta que ignorou minha chegada, mas que me fortaleceu e me colocou diante de mim mesma - para eu refletir sobre tudo e ajustar a rota das minhas idéias provincianas, dos meus pensamentos e das minhas conclusões diante da vida. São Paulo me mudou muito - algumas coisas para melhor, outras nem tanto. Mas qualquer mudança é enriquecedora, eu acho. E o saldo? Positivo, sem dúvida!
Aproveito para deixar meus sinceros agradecimentos aos que tornaram ou tornam os meus dias mais felizes - esteja eu onde estiver. Muito obrigada!
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
Eu preciso escrever sobre isso
Rodiei dias para dizer que o novo ano chegou agitado, literalmente: o melhor e o pior - lado a lado, escurecendo e clareando tudo, intensamente. Foi a forma que a natureza encontrou de me fazer parar e repensar sobre mim mesma, em redesenhar e redefir, recriar. Em voltar o filme e talvez reescrever o final. Sim, eu preciso fazer isso - e vou, se tiver essa chance.
Eu não gosto dos pontos finais, nunca gostei. Também não gosto de últimos capítulos, episódios, nada disso. E vivo buscando a continuidade do universo - pelas religiões, pela filosofia e até pela física quântica (hã?!). Eu misturo tudo e encontro uma explicação sem sentido, somente para fugir do tal ponto. Porque gosto mesmo é de começar e até recomeçar. Gosto das cores - das vivas e do que vibra positivamente, do alto astral. Gosto do brilho e da energia vital, de tudo que é alegre e leve.
Sim amigos, quero continuar com as vírgulas e os parágrafos por muito tempo. E quero continuar escrevendo sobre tudo que transborda, sobre tudo que não cabe e não tem espaço.
Somente quando você olha lá na frente e é capaz de enxergar o fim da estrada, é que você quer correr de volta, você quer achar o botão pra pular essa parte, você quer acordar, quer mudar e fazer tudo diferente. Pensando bem, eu não quero fazer tudo diferente, eu só quero fazer melhor as mesmas coisas - e vou, se tiver essa chance.
Somente quando você olha lá na frente e é capaz de enxergar o fim da estrada, é que você quer correr de volta, você quer achar o botão pra pular essa parte, você quer acordar, quer mudar e fazer tudo diferente. Pensando bem, eu não quero fazer tudo diferente, eu só quero fazer melhor as mesmas coisas - e vou, se tiver essa chance.
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